quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Lirael - A Rapariga do Glaciar


Autor: Garth Nix
Título Original: Lirael
Editora: Editorial Presença
Páginas: 392
ISBN13: 978-972-23-3024-4
Tradutor: Maria Georgina Segurado




Alerta: Aviso que a sinopse e a crítica a este livro podem conter spoilers para quem não o leu o volume anterior desta trilogia: A Missão de Sabriel

Sinopse: Depois de A Missão de Sabriel, publicada em Novembro de 2002, Garth Nix regressa ao mercado português com Lirael – A Rapariga do Glaciar. Neste segundo volume que integra uma trilogia, o autor leva-nos uma vez mais para a atmosfera mágica do Reino Antigo. Alguns anos se passaram desde que Sabriel aprisionou Kerrigor e ajudou a restituir o trono a Touchstone.
Mas quem é Lirael? As suas origens estão veladas por um denso mistério, sabendo-se apenas que vive no Glaciar das Clayr e que aos catorze anos ainda não foi presenteada com o dom da Visão, estando cada vez mais consciente da sua diferença e profunda solidão. E embora ainda ninguém o saiba, nem ela própria, é nas mãos de Lirael que repousa o futuro de todo o Reino Antigo...Não perca a high fantasy no seu melhor.

Depois de ter lido a Missão de Sabriel de Garth Nix, no princípio deste ano, descobri um novo conceito de fantasia, quero dizer com isto que o autor apresentou uma premissa bastante original e bastante bem desenvolvida. Na altura, um pequeno livro continha imensas aventuras de tal maneira condensadas que viajávamos a um ritmo alucinante, sem nunca perdermos o fio condutor da narrativa e esta parecer excessiva.

Voltei agora ao Mundo Antigo e Ancelstierre, passados catorze anos, desta vez pelos olhos de Lirael. Esta jovem é uma das Clayr, uma linha de sangue antigo abençoada (na maioria das vezes) com o dom da Visão, a capacidade de ver os múltiplos futuros do mundo. 
Contudo Lirael simplesmente não consegue adaptar-se à vida no Glaciar das Clayr, uma vez que se encontra ainda sem o dom da Visão, desconhece a identidade do seu pai e a sua mãe há muito que abandonou o Glaciar sem deixar rastos a seguir.
É neste ambiente que a primeira de três partes do livro se desenrola. Conhecemos mais intimamente aquela que promete ser a personagem principal, descobrimos segredos nos confins da Biblioteca das Clayr, somos apresentados à Cadela Desavergonhada, um ser combinado da Magia da Carta e da Magia Livre e a melhor amiga de Lirael e muito mais.

Na segunda parte da história, dezoito anos depois dos acontecimentos do último livro, conhecemos Sameth príncipe do Reino Antigo, segundo filho de Sabriel e Touchstone. Assim, acompanhamos este jovem no seu percurso tanto em Ancelstierre e no Mundo Antigo, as ameaças que são inevitáveis à vida de um príncipe e o dilema da sua mente e coração. É que Sam trata-se do futuro Abhorsen, contudo o rio da Morte e tudo o que lhe é associado afligiu-lhe de tal maneira corpo e mente que não se consegue embrenhar nos estudos do Livro dos Mortos.

Ainda nesta segunda parte as vidas de Lirael e Sam cruzam-se para sempre enquanto os dois partem numa missão comum: resgatar Nick, antigo companheiro de Sam no colégio em Ancelstierre, das mãos do necromante Hedge. Este, um poderoso feiticeiro da Magia Livre encontra-se a desenterrar um terrível mal há muito esquecido que precisa, estranhamente, da ajuda de Nick.

Não me vou embrenhar mais na história uma vez que esta é bastante complexa, cheia de pequenas aventuras e detalhes a serem explorados pelo leitor.
Foco a brilhante maneira como Garth Nix desenvolve a viagem pela Morte, pelos seus recintos e portões; a Magia da Carta e a Magia Livre, duas faces da mesma moeda que podem conviver juntas e ainda os ingredientes que lança para a explicação final de tudo e todos.
Acrescento que tanto Mogget, um ser da Magia Livre sob a forma de um gato branco obrigado a servir a linhagem Abhorsen, como a Cadela Desavergonhada são personagens bastante interessantes que trazem muito à história.

De uma maneira geral, a escrita do autor continua condensada, mas muito bem redigida, capaz de em poucas páginas levar o leitor a viver um sem fim de aventuras. Também o desenvolvimento das personagens parece-me mais significativo, sendo Sam a minha personagem predilecta.
De notar a quantidade de erros que o livro apresenta, sem dúvida que a revisão poderia ter sido melhor, mas nada que impeça a leitura. Um óptimo livro no final que deu horas de alegria. 

Nota: 8/10 - Muito Bom

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