quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O Livro das Coisas Perdidas


Autor: John Connolly
Título Original: The Book of Lost Things (2008)
Editora: Bertrand
Páginas: 304
ISBN13: 978-972-252-146-8
Tradutor: Catarina Andrade




Sinopse: Quando David, um menino de doze anos, se refugia do seu sofrimento nos mitos e contos de fadas de que a sua mãe, agora morta, tanto gostava, percebe que o mundo real e a fantasia se confundem. É então que começam a acontecer coisas más. E chega o Corcunda. David é violentamente impelido para uma terra habitada por heróis, lobos e monstros, cujo rei guarda os seus segredos num livro lendário... O Livro das Coisas Perdidas.
Tudo o que podes imaginar é real.


"O Livro das Coisas Perdidas" foi a surpresa deste ano... Quando digo surpresa, não quero afirmar que foi o melhor do ano, apenas que me surpreendeu em todos os aspectos, a nota atribuída, contudo, reflecte a história.

Comecemos com o grafismo da capa, achei-o fenomenal muito bem conseguido, atractivo e claro (aviso que a fotografia não lhe faz justiça). A sinopse foi igualmente interessante, como puderam ler, contudo não o li logo a seguir à sua compra. De facto, adquiri esta preciosidade na Feira do Livro (Porto) deste ano, mas com tantas outras obras, a escola e mais algumas coisas, só neste último mês do ano é que senti a tentação "chamar" forte de novo...

O autor apresenta-nos desde o início aquela que será a personagem condutora desta narrativa, David, um miúdo de doze anos a viver em Londres na época da segunda grande guerra mundial, com os seus pais. David é dedicado e adora livros, especialmente pela sua mãe gostar também, tornando-se a leitura um laço muito importante entre eles.

Infelizmente a sua mãe sofre de uma doença neurodegenerativa que lhe rouba as suas capacidades mentais levando David, cada vez mais, a alienar-se do mundo com os seus contos de fada e mitos, até ao fatídico dia da inevitável morte da mãe.

Alguns meses mais tarde o seu pai conhece Rose. Esta acaba por ficar grávida, levando ao nascimento de George, ao casamento entre eles e à mudança dos quatro para a casa de família de Rose situada para lá dos limites da cidade de Londres. Contudo, com tantas mudanças na sua vida, David acaba por enveredar no seu intimo e aos poucos o mundo real distancia-se, até ao momento que houve a sua mãe a chamar por ele, pedindo que a resgate, levando-o a ultrapassar a barreira para outro mundo, localizada no jardim afundado da casa!

Nesse mundo invulgar, conhecemos personagens únicas rodeadas por uma vida de terror e sombras e é com as suas vozes que entendemos cada vez mais este universo e as histórias da sua génesis (que são, à falta de melhor explicação, twists dos contos de fada por nós conhecidos).
A demanda de David neste mundo é uma metáfora do crescimento humano, da passagem entre idades e da aceitação, reflecte-se, muito bem, na dúvida constante que o assalta, voltar para casa ou avançar na salvação da sua mãe. 
Entre as personagens que conhecemos encontra-se o Corcunda, para mim, muito bem concretizado, que juntamente com David "conduz" a narrativa. Pouco mais digo deste enredo senão o próximo leitor perderia muito da descoberta, porém, advirto que a conclusão final, para os mais atentos ou habituados a este género de história, torna-se aparente a partir de certa altura...
Muito bem escrito, uma linguagem que flui e nos leva a virar páginas e, ainda, capítulos curtos, como eu gosto, cujos títulos são muito apelativos (fizeram-me lembrar a mesma construção de "A Rapariga Que Roubava Livros"). Recomendo!

Nota: 7/10 - Bom

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