segunda-feira, 27 de outubro de 2014

The best cup of coffee to warm you for this Christmas

Public list from @Wunderlist.
Podem vê-la originalmente aqui.
Espero que gostem e que partilhem com os vossos amigos.
Tenho a certeza que vão adorar fazer esta bebida reconfortante e saborosa!

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Kenny & o Dragão



Autor: Tony DiTerlizzi
Título Ori­gi­nal: Kenny & the Dragon (2008)
Edi­tora: Editorial Presença
Pági­nas: 168
ISBN13: 978-972-234-408-1
Tra­du­tor: Isabel Gomes


 
Sinopse: O que fazer quando o nosso novo amigo foi considerado como um flagelo pela comunidade a que pertencemos e marcado como um alvo a abater? Perguntem ao Kenny, o jovem coelho. Foi o que aconteceu quando, na pequena aldeia de Roundbrook, se começou a ouvir falar de um dragão à solta pelos campos. O próprio Rei convoca um exterminador de dragões para tratar do assunto com a maior urgência. 

Este pequeno livro é um simples conto, que num par de horas fica lido e pouco traz de novo ao mundo de histórias juvenis. 
Kenny é um jovem coelho que vive com os seus pais longe da aldeia de Roundbrook, no campo. Diferente dos seus colegas, Kenny gosta muito de literatura, das ciências e da escola, sendo o seu melhor amigo, o dono da única livraria da aldeia de Roundbrook, George.Chega, assim, o dia em que Kenny é confrontado com uma das criaturas fantásticas que leu no seu Bestiário emprestado, um dragão. 
Contudo, como se apercebe logo, este dragão é completamente diferente daqueles que são descritos no livro. Grahame, o dragão, ao contrário dos seus irmãos mortos que adoram devorar donzelas, adoro a leitura, as artes e a comida confeccionada (como, por exemplo, leite creme). Ora Kenny sente imediatamente empatia com esta "besta" e tornam-se melhores amigos, passando os dias a interpretar papéis de Shakespeare, a ler livros de feiticeiros e a jantar os maravilhosos pratos da mãe de Kenny... 
Infelizmente tudo muda quando a notícia da proximidade de um dragão da aldeia de Roundbrook leva os seus cidadãos ao pânico e à contratação de um exterminador de dragões, o melhor do reino e com um pedido especial do rei! 
O livro não traz nada de novo, como seria de esperar, a história é previsível tornando-se enfadonho a sua leitura, contudo o ponto principal deste livro (que me levou a ler) foram as fantásticas ilustrações do autor, já conhecidas d' "As Crónicas de Spiderwick", que sempre adorei. 

Nota: 5/10 - Satisfaz

domingo, 26 de dezembro de 2010

Os Homens que Odeiam as Mulheres


Autor: Stieg Lars­son
Título Ori­gi­nal: Män som hatar kvin­nor (2005)
Edi­tora: Oce­a­nos
Pági­nas: 539
ISBN13: 978-989-2302-37-9
Tra­du­tor: Mário Dias Cor­reia 




Sinopse: Mikael Blomq­vist é um jor­na­lista e co-​fundador da revista Mil­le­nium, que se dedica prin­ci­pal­mente a des­mas­ca­rar escân­da­los na alta finança, mas que aca­bou de ser decla­rado cul­pado de um caso de difa­ma­ção a uma as mais influ­en­tes per­so­na­li­da­des sue­cas.
Hen­rik Van­ger é um grande empre­sá­rio na reforma com um pas­sado fami­liar con­tur­bado que anda obce­cado há 40 anos com o desa­pa­re­ci­mento da menina dos seus olhos, a sua sobri­nha Har­riet Van­ger. Desa­pa­re­ceu sem dei­xar tes­te­mu­nhas, qual­quer prova, mas Hen­rik está con­ven­cido que foi assas­si­nada. Aproveitando-​se da pro­ble­má­tica situ­a­ção em que se encon­tra Mikael, Hen­rik pede-​lhe para escre­ver um livro sobre os podres da famí­lia Van­ger, como des­culpa para inves­ti­gar o desa­pa­re­ci­mento de Har­riet.
Lis­beth Salan­der é a Rapa­riga da Tatu­a­gem de Dra­gão, e é uma inves­ti­ga­dora excep­ci­o­nal e irre­ve­rente, com mui­tos trun­fos na manga, que irá jun­tar for­ças com Mikael para des­lin­dar o mis­té­rio da famí­lia Vanger.  
(Retirada do blog Estante de Livros)

Mais um livro. Mais uma surpresa.
A trilogia Millennium, como é conhecida, trata-se do mais recente fenómeno editorial,  nos últimos anos, em parte, penso eu, devido à morte prematura do seu autor, Stieg Larsson, pouco tempo após este ter entregado os manuscritos dos três volumes à sua editora. “Os Homens que Odeiam as Mulheres”, trata-se do primeiro volume e nele conhecemos duas personagens centrais que nos acompanharão em redor desta narrativa policial.
A primeira, Mikael Blomq­vist é um jornalista de investigação económica e co-proprietário da revista Millennium, juntamente com Erika Berger e Christer Malm. A segunda trata-se de Lis­beth Salan­der, uma jovem com um passado problemático que a tornou extremamente insensível às emoções e às pessoas que a rodeiam, sendo um perfeito “sinónimo” de um ser anti-social; contudo é dotada de capacidades únicas que lhe valeram uma carreira de investigação numa das mais conceituadas empresas de segurança da Suécia, especializando-se em investigações de âmbito pessoal levadas até ao mais profundo segredo de cada pessoa.

O enredo começa com Mikael a ser acusado de difamação de um influente financeiro, sendo condenado a três meses de prisão por causa dos seus actos. Esta acusação e consequente pena ressaltam na credibilidade da Millennium, levando-o a afastar-se das suas funções temporariamente.

Pouco tempo depois é contacto por Henrik Vanger, um (ex-)poderoso industrial do Grupo Vanger, com o pretexto de o contratar para escrever a crónica da família, contudo o motivo verdadeiro da sua missão é a descoberta dos acontecimentos que levaram ao desaparecimento da sobrinha-nega de Henrik, Harriet.
Num dado momento as linhas condutoras de Blomq­vist e Lisbeth unem-se, levando o mistério a aprofundar-se e a trama a desenrolar, tudo através da fantástica leveza de escrita do autor, que nunca se torna monótona ou infantil, mas pelo contrário, leva o leitor a “devorar” as páginas deste livro.

Há que dar pontos pela brilhante caracterização das personagens principais, especialmente de Lisbeth, que, como já puderam adivinhar, apesar da sua personalidade leva-nos a sentir uma imediata empatia por ela. Quanto ao mistério, cerca de 40% deste fui capaz de conceber previamente (sem contar, claro, com todos os pequenos pormenores que Larsson nos presenteia no fim), os outros 60%, por estar tão embrenhado nas personagens não fui capaz de completar a trama, ficando agradavelmente surpreendido
com a genialidade do autor.

Um livro de que gostei muito! Um livro que está mais do que recomendado!

Só espero que os próximos volumes sejam igualmente agradáveis… 

Nota: 8/10 - Muito Bom

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Boas Festas!

O primeiro Natal d' As Estantes Azuis.
Desejo a todos um Feliz Natal, com muita alegria, amor e claro, muitos livros no sapatinho!
Em breve, espero partilhar o que recebi e saber o que receberam.
Até lá, 

Bom Natal e Boas Leituras!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O Livro das Coisas Perdidas


Autor: John Connolly
Título Original: The Book of Lost Things (2008)
Editora: Bertrand
Páginas: 304
ISBN13: 978-972-252-146-8
Tradutor: Catarina Andrade




Sinopse: Quando David, um menino de doze anos, se refugia do seu sofrimento nos mitos e contos de fadas de que a sua mãe, agora morta, tanto gostava, percebe que o mundo real e a fantasia se confundem. É então que começam a acontecer coisas más. E chega o Corcunda. David é violentamente impelido para uma terra habitada por heróis, lobos e monstros, cujo rei guarda os seus segredos num livro lendário... O Livro das Coisas Perdidas.
Tudo o que podes imaginar é real.


"O Livro das Coisas Perdidas" foi a surpresa deste ano... Quando digo surpresa, não quero afirmar que foi o melhor do ano, apenas que me surpreendeu em todos os aspectos, a nota atribuída, contudo, reflecte a história.

Comecemos com o grafismo da capa, achei-o fenomenal muito bem conseguido, atractivo e claro (aviso que a fotografia não lhe faz justiça). A sinopse foi igualmente interessante, como puderam ler, contudo não o li logo a seguir à sua compra. De facto, adquiri esta preciosidade na Feira do Livro (Porto) deste ano, mas com tantas outras obras, a escola e mais algumas coisas, só neste último mês do ano é que senti a tentação "chamar" forte de novo...

O autor apresenta-nos desde o início aquela que será a personagem condutora desta narrativa, David, um miúdo de doze anos a viver em Londres na época da segunda grande guerra mundial, com os seus pais. David é dedicado e adora livros, especialmente pela sua mãe gostar também, tornando-se a leitura um laço muito importante entre eles.

Infelizmente a sua mãe sofre de uma doença neurodegenerativa que lhe rouba as suas capacidades mentais levando David, cada vez mais, a alienar-se do mundo com os seus contos de fada e mitos, até ao fatídico dia da inevitável morte da mãe.

Alguns meses mais tarde o seu pai conhece Rose. Esta acaba por ficar grávida, levando ao nascimento de George, ao casamento entre eles e à mudança dos quatro para a casa de família de Rose situada para lá dos limites da cidade de Londres. Contudo, com tantas mudanças na sua vida, David acaba por enveredar no seu intimo e aos poucos o mundo real distancia-se, até ao momento que houve a sua mãe a chamar por ele, pedindo que a resgate, levando-o a ultrapassar a barreira para outro mundo, localizada no jardim afundado da casa!

Nesse mundo invulgar, conhecemos personagens únicas rodeadas por uma vida de terror e sombras e é com as suas vozes que entendemos cada vez mais este universo e as histórias da sua génesis (que são, à falta de melhor explicação, twists dos contos de fada por nós conhecidos).
A demanda de David neste mundo é uma metáfora do crescimento humano, da passagem entre idades e da aceitação, reflecte-se, muito bem, na dúvida constante que o assalta, voltar para casa ou avançar na salvação da sua mãe. 
Entre as personagens que conhecemos encontra-se o Corcunda, para mim, muito bem concretizado, que juntamente com David "conduz" a narrativa. Pouco mais digo deste enredo senão o próximo leitor perderia muito da descoberta, porém, advirto que a conclusão final, para os mais atentos ou habituados a este género de história, torna-se aparente a partir de certa altura...
Muito bem escrito, uma linguagem que flui e nos leva a virar páginas e, ainda, capítulos curtos, como eu gosto, cujos títulos são muito apelativos (fizeram-me lembrar a mesma construção de "A Rapariga Que Roubava Livros"). Recomendo!

Nota: 7/10 - Bom

sábado, 18 de dezembro de 2010

Cinefilia II

"O Senhor dos Anéis" - Edições Especiais

Apesar de ser um fã desta magnifica saga (tanto dos livros como dos filmes) nunca pensaria gastar uma fortuna (penso eu, apesar de não ter ideia do seu custo actual) por estas edições especiais da versão cinematográfica. Contudo a oportunidade apresentou-se e eis agora as minhas preciosidades:




 

Comprei as edições no Alfarrabista Paraíso do Livro por 25€, que apesar do aspecto "manuseado" exterior encontra-se em muito bom estado no geral!


"A Irmandade do Anel"


"As Duas Torres"


"O Regresso do Rei"

 
Todas as edições incluem, dois dvd's com as versões estendidas e melhoradas do filme (se não me engano, a primeira com trinta e poucos, a segunda com quarenta e dois e a terceira com mais cinquenta minutos de visualização). Cada uma possui ainda dois dvd's em que figuram documentários, making-of, entrevistas e muito mais...
Mais... Um desenho do fantástico artista Alan Lee, um guia dos menus dos dvd's, uma introdução às edições e o interior encontra-se "povoado" por arte da Terra Média!


quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

À Espera no Centeio


 
Autor: J. D. Salinger
Título Original: The Catcher in the Rye
Editora:Difel
Páginas: 228
ISBN13: 978-972-290-703-3
Tradutor: José Lima




Sinopse: O livro conta as aventuras de Holden Caulfield, um rapaz de 16 anos, que ao ter de deixar o colégio interno que frequenta, mas receoso de enfrentar a fúria dos pais, decide passar uns dias em Nova Iorque até começarem as férias de Natal e poder voltar para casa.
Confuso, inseguro, incapaz de reconhecer a sua própria sensibilidade e fragilidade, Holden percorre nesses dias um intrincado labirinto de emoções e experiências, encontrando as mais diversas pessoas, como taxistas, freiras e prostitutas, e envolvendo-se em situações para as quais não está preparado.
À Espera no Centeio é contado na primeira pessoa. Ao fazer esta opção, Salinger introduz na literatura americana os recursos da oralidade, com a linguagem espontânea, o calão, os palavrões, o bordão das repetições frequentes, o humor inconsciente, procedendo a uma verdadeira revolução literária, que tornou o livro num clássico da literatura americana do pós-guerra.
 
 
 "À Espera no Centeio" foi um livro que me acompanhou nestes últimos dois meses, sim, dois meses. Demorei tanto tempo a acabá-lo devido às aulas na faculdade, deixava-o nas prateleiras ou no fundo da mochila durante dias, mas quando pegava nele, facilmente devorava cinquenta das suas páginas, em parte pela fantástica linguagem que nos é presenteada por Salinger. 
É-nos narrado neste livro de cerca de 230 páginas os três dias de gazeta de Holden Caulfield em Nova Iorque depois de ter sido expulso (de novo!) da mais recente escola em que se inscreveu. Esta decisão, fruto de rebeldia, leva-nos a diferentes cenários da famosa cidade e a conhecer amigos e familiares de Holden, sempre acompanhados pelas suas reflexões tanto acerca do espaço e do tempo como da natureza das pessoas.
A história contada por este jovem de dezasseis anos, num tom marcadamente adolescente possui, contudo, algumas preciosidades dignas de nota. De referir a facilidade de compreensão do ponto de vista de Holden (que segundo li em várias críticas é levado aos extremos, ou seja, "amamos e odiamos") e a fluidez da passagem entre o espaço físico e a sua mente. 
Existem personagens interessantes, estereótipos da sua classe ou peculiares dentro dela que, se num momento inicial nos fazem detestá-las, mais tarde percebemos que não somos todos ou "brancos" ou "pretos", mas sim uma mistura de "cinzento". Conclusão esta que o narrador compartilha. 
Um livro fantástico, muito interessante em que facilmente se entende a sua popularização e propagação pela cultura americana e o resto do mundo. Aconselho a qualquer pessoa que queira uma lufada de ar fresco na compreensão do mundo onde vivemos!

Nota: 7,5/10 - Muito Bom

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O Veneno de Ofiúsa



Autor: Francisco Dionísio
Editora: Saída de Emergência (Colecção TEEN)
Páginas: 192
ISBN13: 978-989-637-211-8





Sinopse: Numa luta entre deuses e homens, só os verdadeiros heróis poderão fazer a diferença. Chegou o tempo há muito anunciado em que os deuses deverão partir e deixar o destino da Terra entregue aos homens. Mas nem todos os deuses aceitam fazê-lo, e um terrível conf lito entre homens e divindades é inevitável. É neste cenário que dois jovens guerreiros, Anio e Camal, percorrem a Lusitânia em busca do guardião da joia da Deusa-mãe - uma pedra capaz de aniquilar as próprias divindades. Inspirado nos povos pré-romanos da Península Ibérica, "O Veneno de Ofiúsa" é uma viagem para um tempo mágico há muito esquecido. Estás preparado para a guerra com os deuses?

Iniciei a leitura de "O Veneno de Ofiúsa" com algumas expectativas, pareceu-me no início uma história interessante, num contexto histórico que me atraiu bastante: Hispânia de XI a.C.
Desta época pouco sei ou conheço das aulas de história, logo estava interessado e ainda o facto de o autor explorar a história portuguesa, a Lusitânia, em conjunto com o nosso imaginário. O meu erro foi ter-me esquecido que se tratava dum livro para um público mais jovem...

Ora, Anio e Camal são dois jovens de uma das várias tribos dos Galaicos que aspiram a tornar-se guerreiros valorosos e líderes respeitados, contudo acontecimentos recentes levam-nos a enveredar por caminhos diferentes. O actual chefe da sua tribo (lugar reservado em último lugar a Camal e pai de Anio) começou relações com os Sefes, um povo rival que em tempos controlou grande parte da Península Ibérica tendo perdido território e poder para os Galaicos e Lusitanos.
Esta relação envenena o espírito deste chefe que se alia aos Sefes para reconquistar os antigos territórios perdidos. Este povo adora a deusa Ofiúsa e serve-se do poder desta para lançar a guerra por toda a Hispânia. Os seus primeiros rivais são os Estrímnios, o primeiro dos quatros povos a viver na Península Ibérica, contudo sem um espírito beligerante como os seus vizinhos sucumbiram e poucos povoados existem nos dias de hoje.

Anio e Camal não apoiando as escolhas da sua tribo revoltam-se mas juntos não tem força suficiente para lutar as comitivas dos Sefes. A sua revolta leva-os a fugir e nesta fuga encontram uma jóia cobiçada por todos os deuses e homens que a conhecem, pois nesta está contido o poder para reclamar a supremacia sobre tudo e todos.
Ofiúsa deseja e lança uma guerra onde Lusitanos e Galaicos terão de ser unir para vencer ou perecer...

Sem dúvida, uma história interessante mas soube a pouco, as personagens não foram nada desenvolvidas, parecendo estereótipos, e os poucos povos e deuses interessantes pouco destaque tiveram, acabando por serem um pano de fundo para a história.
Esta está focada principalmente nos movimentos das tropas, os combates e a guerra em geral, ou seja, um livro escrito para ser adorado pelos mais jovens.
Contudo encontra-se bem escrito e a premissa dos povos pré-romanos foi interessante, mas não me chegou.

Nota: 5,5/10 - Satisfaz Bastante

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Cinefilia (I)

Inception - A Origem de Christopher Nolan


Já foi quase há duas semanas que fui ver um dos fenómenos do ano, protagonizado por Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Joseph Gordon-Levitt, entre outros.
Começo por dizer que gostei imenso do filme. O conceito apresentado foi original e principalmente foi credível.
A história fala-nos de Dom Cobb, um dos ladrões mais famosos do mundo por ter-se especializado num tipo de roubo muito especial, o roubo de ideias e pensamentos directamente da mente de uma pessoa explorando o inconsciente que se abre quando sonhamos. Ora, este conceito foi bastante atractivo para mim e foi o que me levou às salas de cinema.
Sabemos também desde o início que Dom está impedido de ver a sua família e de entrar nos Estados Unidos da América, uma vez que é um fugitivo internacional. É durante uma das suas operações de extracção (o famoso método) que se vai apresentar a oportunidade de Cobb se redimir e o resto não conto :)

Os efeitos especiais são excelentes e o filme não tem momentos "mortos", às vezes é preciso uma certa atenção, mas caso não fosse não tinha piada.
O director Christopher Nolan fez mais um magnífico trabalho (adorei o "Cavaleiro das Trevas") e penso que é um filme que vale a pena ver.

sábado, 28 de agosto de 2010

Um Leão Chamado Christian


Autor: Anthony Bourke, John Rendall
Título Original: A Lion Called Christian 
Editora: Editorial Presença
Páginas: 124
ISBN13: 978-972-234-233-9
Tradutor: Manuela Madureira





Sinopse: Quando em 1969 Anthony Bourke e John Rendall decidiram comprar uma cria de leão nos armazéns Harrods, em Londres, não imaginaram que, décadas depois, a sua extraordinária história continuasse a comover gerações de leitores e espectadores. Publicado pela primeira vez em 1971, Um Leão Chamado Christian retrata o percurso desta amizade invulgar, desde os primeiros meses de vida em Londres, até ao reencontro inesquecível no Quénia. Esta nova edição, completamente revista e actualizada e contendo ainda diversas fotografias enternecedoras, tornou-se um bestseller do New York Times.

Acho que posso dizer com toda a honestidade que são um amante do "mundo verde", em especial dos animais e se estes forem felinos torna-se num fascínio.
Por isso quando soube do fenómeno do YouTube fiquei comovido e não resisti à compra do livro o acompanhou. "Um Leão Chamado Christian" foi recentemente reeditado pelos seus autores que reviram alguns dos factos, acrescentaram outros tantos e houve ainda um aumento do número de fotografias presentes nesta obra.

Começa, assim, a história de Ace e John, australianos, que decidiram experimentar a nova Londres da sua época, quando por um feliz acaso visitaram os armazéns Harrods, famoso por disponibilizar aos seus clientes "tudo e mais alguma coisa", e encontraram uma cria de leão, Christian, como lhe chamaram.

O livro retrata todos os aspectos da vida dos três companheiros, a dificuldade inicial para encontrar um espaço para Christian viver, os problemas que resultam de ter um animal com instintos inatos selvagens, a mudança de locais devido ao seu crescimento e outros aspectos.
Os autores levantam algumas questões relacionados com o tráfico de animais exóticos e cuidados, em geral, para preservar a vida animal, o que a meu ver trazem muito para o livro. Referem, também, que a curiosidade das pessoas levava multidões até Christian e que eles mesmos, por algumas vezes, levaram-se pelo aspecto comercial.

Mais tarde o livro retrata a reintegração de Christian no mundo selvagem, no Quénia, por George Adamson. Esta é uma parte interessante do livro pois temos uma perspectiva única do mundo natural de Christian e o quanto este, apesar de ter sido criado longe dele, possui todos os instintos e compreensão necessários para sobreviver nele.

As fotografias presentes fazem metade do valor do livro, simplesmente enternecedoras, preciosas e divertidas. Um livro só com elas valeria a pena ser comprado!
Sem revelar muito mais, recomendo o livro, sem sombras de dúvida, a todas as idades.
Uma óptima leitura a qualquer momento.

Nota: 8/10 - Muito Bom

Abhorsen e os Hemisférios de Prata


Autor: Garth Nix
Título Original: Abhorsen
Editora: Editorial Presença
Páginas: 304
ISBN13: 978-972-233-112-8
Tradutor: Maria Georgina Segurado




 
Alerta: Aviso que a sinopse e a crítica a este livro podem conter spoilers para quem não o leu os volumes anteriores desta trilogia: A Missão de Sabriel; Lirael - A Rapariga do Glaciar.

Sinopse: Terceiro volume de uma trilogia iniciada com A Missão de Sabriel e Lirael, a Rapariga do Glaciar pressupõe a leitura prévia dos dois volumes anteriores. Uma luta apocalíptica entre Bem e Mal, Trevas e Luz, Vida e Morte é o que pode encontrar no desfecho desta trilogia. Quem já é um admirador desta série poderá de novo perder-se na envolvência do Reino Antigo. 
Reencontramos Lirael, a jovem que vivia com as Visionárias do Futuro, as Clayr: o mistério da sua origem revelara-a como pertencendo afinal à linhagem dos Abhorsens, os guardiães que impedem que os Mortos voltem à vida. Lirael, não sabe o que fazer com as armas que dispõe e apenas conta com o jovem príncipe Sameth, seu sobrinho. Mas quem são realmente todos estes seres mágicos, meio humanos, meio elementais, mortos-vivos ou espectros? Tudo, mas mesmo tudo, será revelado a seu tempo, no decorrer das dramáticas peripécias desta luta sem tréguas. 

Foi o ano passado que decidi adquirir a famosa trilogia Abhorsen de Garth Nix, depois de alguma pesquisa, várias opiniões e o facto de a Presença ter já publicado todos (agora só compro livros na Via Láctea da Presença quando a colecção está completa senão nunca verei o fim desta), eis que avancei para o Mundo Antigo e acompanhei os seus desígnios.
Três livros depois chego ao fim de uma brilhante série que me fez viajar para um novo e refrescante universo fantástico.

Desta vez não encontramos nenhum salto do tempo e retomamos a acção no preciso momento em que a tínhamos deixado. Lirael e Sam, acompanhados por Mogget e a Cadela Desavergonhada, deixam a Casa do Abhorsen e vão ao encontro do necromante Hedge para resgatar Nick, amigo de Sam, e impedir a libertação de um antigo mal.

Tal como este livro promete, encontramos nas suas páginas as explicações para tudo e todos, segredos são desvendados, outros confirmados, meias verdades são finalmente explicadas e regressamos ao Começo, do surgimento da Magia da Carta, da Magia Livre, da origem.

As aventuras dos nossos amigos acontecem a um ritmo alucinante, mudando de paisagem a cada capítulo, enfrentando perigo atrás de perigo, esperando que tudo se possa resolver para retornarem às suas vidas mas, nos seus corações, ambos sabem que nada do que foi voltará a ser o que é, que a esperança balança num fio demasiado fino para se poder segurar, as trevas, a destruição e o fim estão a um sopro de tombar sobre o Reino Antigo e o resto do mundo.

Trata-se de uma viagem longa, mas no fim vale a pena, todas as nossas dúvidas, receios, conclusões são respondidas e postas à prova, trata-se de um fim digno para as personagens que nos acompanharam.

Penso que a caracterização das personagens foi bem desenvolvida e o facto de o livro ser uma sequela, ajuda em muito a compreender as motivações destas e a relacionarmos emotivamente. Garth Nix fez um trabalho esplêndido explicando um mundo tão complexo em tão poucas palavras, as suas premissas são, a meu ver, originais e tornam os livros ícones no Romance Fantástico. Claro que muito fica por saber, não se trata duma visão minuciosa dos costumes e crenças, mas antes uma visão geral que permite ao leitor preencher os vazios e tornar seu este mundo.

Devo dizer que os acontecimentos tornam-se bastante previsíveis, mas tal já acontece desde o livro anterior, apenas acompanham a dúvida se estamos certos ou errados. Contudo alguns momentos são únicos, imprevisíveis e preciosos.
O final é simplesmente arrebatador!

A minha classificação poderá ser um exagero para o tipo de livro, sem dúvida que muitos o acharão se compararem com outros aos quais dei a mesma, mas para mim as classificações são sobretudo um meio de exprimir os meus sentimentos exclusivos para aquele livro, que foi lido naquele momento, naquele lugar e que às vezes levam-me a crer que o que leio nem sempre será fantasia.

Nota: 9/10 - Excelente 

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Lirael - A Rapariga do Glaciar


Autor: Garth Nix
Título Original: Lirael
Editora: Editorial Presença
Páginas: 392
ISBN13: 978-972-23-3024-4
Tradutor: Maria Georgina Segurado




Alerta: Aviso que a sinopse e a crítica a este livro podem conter spoilers para quem não o leu o volume anterior desta trilogia: A Missão de Sabriel

Sinopse: Depois de A Missão de Sabriel, publicada em Novembro de 2002, Garth Nix regressa ao mercado português com Lirael – A Rapariga do Glaciar. Neste segundo volume que integra uma trilogia, o autor leva-nos uma vez mais para a atmosfera mágica do Reino Antigo. Alguns anos se passaram desde que Sabriel aprisionou Kerrigor e ajudou a restituir o trono a Touchstone.
Mas quem é Lirael? As suas origens estão veladas por um denso mistério, sabendo-se apenas que vive no Glaciar das Clayr e que aos catorze anos ainda não foi presenteada com o dom da Visão, estando cada vez mais consciente da sua diferença e profunda solidão. E embora ainda ninguém o saiba, nem ela própria, é nas mãos de Lirael que repousa o futuro de todo o Reino Antigo...Não perca a high fantasy no seu melhor.

Depois de ter lido a Missão de Sabriel de Garth Nix, no princípio deste ano, descobri um novo conceito de fantasia, quero dizer com isto que o autor apresentou uma premissa bastante original e bastante bem desenvolvida. Na altura, um pequeno livro continha imensas aventuras de tal maneira condensadas que viajávamos a um ritmo alucinante, sem nunca perdermos o fio condutor da narrativa e esta parecer excessiva.

Voltei agora ao Mundo Antigo e Ancelstierre, passados catorze anos, desta vez pelos olhos de Lirael. Esta jovem é uma das Clayr, uma linha de sangue antigo abençoada (na maioria das vezes) com o dom da Visão, a capacidade de ver os múltiplos futuros do mundo. 
Contudo Lirael simplesmente não consegue adaptar-se à vida no Glaciar das Clayr, uma vez que se encontra ainda sem o dom da Visão, desconhece a identidade do seu pai e a sua mãe há muito que abandonou o Glaciar sem deixar rastos a seguir.
É neste ambiente que a primeira de três partes do livro se desenrola. Conhecemos mais intimamente aquela que promete ser a personagem principal, descobrimos segredos nos confins da Biblioteca das Clayr, somos apresentados à Cadela Desavergonhada, um ser combinado da Magia da Carta e da Magia Livre e a melhor amiga de Lirael e muito mais.

Na segunda parte da história, dezoito anos depois dos acontecimentos do último livro, conhecemos Sameth príncipe do Reino Antigo, segundo filho de Sabriel e Touchstone. Assim, acompanhamos este jovem no seu percurso tanto em Ancelstierre e no Mundo Antigo, as ameaças que são inevitáveis à vida de um príncipe e o dilema da sua mente e coração. É que Sam trata-se do futuro Abhorsen, contudo o rio da Morte e tudo o que lhe é associado afligiu-lhe de tal maneira corpo e mente que não se consegue embrenhar nos estudos do Livro dos Mortos.

Ainda nesta segunda parte as vidas de Lirael e Sam cruzam-se para sempre enquanto os dois partem numa missão comum: resgatar Nick, antigo companheiro de Sam no colégio em Ancelstierre, das mãos do necromante Hedge. Este, um poderoso feiticeiro da Magia Livre encontra-se a desenterrar um terrível mal há muito esquecido que precisa, estranhamente, da ajuda de Nick.

Não me vou embrenhar mais na história uma vez que esta é bastante complexa, cheia de pequenas aventuras e detalhes a serem explorados pelo leitor.
Foco a brilhante maneira como Garth Nix desenvolve a viagem pela Morte, pelos seus recintos e portões; a Magia da Carta e a Magia Livre, duas faces da mesma moeda que podem conviver juntas e ainda os ingredientes que lança para a explicação final de tudo e todos.
Acrescento que tanto Mogget, um ser da Magia Livre sob a forma de um gato branco obrigado a servir a linhagem Abhorsen, como a Cadela Desavergonhada são personagens bastante interessantes que trazem muito à história.

De uma maneira geral, a escrita do autor continua condensada, mas muito bem redigida, capaz de em poucas páginas levar o leitor a viver um sem fim de aventuras. Também o desenvolvimento das personagens parece-me mais significativo, sendo Sam a minha personagem predilecta.
De notar a quantidade de erros que o livro apresenta, sem dúvida que a revisão poderia ter sido melhor, mas nada que impeça a leitura. Um óptimo livro no final que deu horas de alegria. 

Nota: 8/10 - Muito Bom

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Cavalheiros da Estrada


Autor: Michael Chabon
Título Original: Gentlemen of the Road
Editora: Casa das Letras
Páginas: 176
ISBN13: 978-972-46-1979-8
Tradutor: Fernando Villas-Boas



 
Sinopse: O romance de Michael Chabon A Liga da Chave Dourada: As Espantosas Aventuras de Kavalier & Clay - vencedor do Prémio Pulitzer - nasceu de uma paixão antiga do autor pelos heróis destemidos e dos clássicos da banda desenhada. Agora, regressando à mina desse rico passado, Chabon convoca o espírito jovial das aventuras lendárias - desde As Mil e Uma Noites até Alexandre Dumas ou os livros das «crónicas da Espada», de Fritz Leiber, com as histórias de Fafhrd eo Rateiro Cinzento - traz-nos um pequeno romance encantador cheio de acção, intenso suspense e uma colecção de curiosas personagens dignas dos contos mais arrebatadores de Xerazade.



Este livro é daqueles que atrai um leitor não porque conhecemos o autor, a história ou a crítica, mas pelo "design" da capa, muito atractiva e bem construída, e ainda pelo título que me pareceu extremamente interessante.

Foi assim que descobri o autor, Michael Chabon, muito agraciado pela crítica e vencedor de diversos prémios, a capa chama a atenção para o Prémio Pulitzer, ganho pelo autor em 2001 por outro dos seus livros.

Com bastantes expectativas entro nos mundos de Chabon e somos levados para os montes do Cáucaso por volta de 950 a.C., onde conhecemos Zelikman e Amram. O primeiro é um médico, amante de chapéus incomuns, com um humor melancólico e dotado de introspecções negras; por outro lado, Amram é um feroz guerreiro, que serviu em numerosos exércitos e impérios, sempre acompanhado do seu feroz machado de guerra, o Violador da Tua Mãe.

São estas personagens que acompanhamos neste livro, numa das suas aventuras para restaurar o trono do jovem irmão de Filaq que conheceram depois de se terem metido em sarilhos numa pousada local. Ao longo do livro a história desenvolve-se, conhecemos novas personagens e locais, participamos em combates e observamos a intersecção de histórias e personagens.

Apesar de ter uma óptima premissa, o livro peca em múltiplos aspectos. A meu ver a maioria das personagens parecem estereotipadas, excepto Zelinkman, e não há desenvolvimento por parte destas, pelo que, as suas acções são previsíveis e não permite a exploração do passado destas, que certamente traria uma nova perspectiva sobre a história e as atitudes das personagens, para não falar que permitiria ao livro tornar-se mais original.

Outro entrave à história foi o contexto histórico-geográfico da época aliado a uma série de expressões características dos locais da acção. Como leitor não tinha conhecimentos suficientes para apreciar esta pesquisa por parte do leitor e o que valeu foi o mapa inicial que dissipou algumas dúvidas. Teria preferido mais notas de rodapé, ou até uma pequena introdução à época, como alguns autores fazem.
Claro, que tenho perfeita noção que este entrave trata-se mais de uma falha da minha parte do que do autor e que certos leitores com conhecimentos da época apreciariam melhor o livro.

Em termos de escrita o leitor serve-se de parágrafos longos e neles consegue partir de um único assunto e explorar uma série de outros temas, servindo-se muito bem da sinonímia e antonímia das palavras nas suas descrições. Ao princípio pareceu confuso, pois havia termos que confundiam, mas rapidamente entende-se o propósito do autor e a leitura avança.

Apesar de tudo, foi um livro de que gostei com algumas situações engraçadas e interessantes!

Nota: 6/10 - Satisfaz Bastante

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O Diário de um Mago




Autor: Paulo Coelho
Editora: Pergaminho
Páginas: 288
ISBN13: 978-972-711-984-4




Sinopse: O Diário de Um Mago conta a história da viagem de Paulo Coelho pelo lendário caminho de Santiago de Compostela em busca de uma sabedoria ancestral.
Foi uma viagem que transformou a sua vida para sempre e que inaugurou uma excepcional carreira como escritor.
O Diário de Um Mago revela-nos o caminho para a sabedoria que habita no interior de todos nós.

Paulo Coelho é um famoso autor, tanto nacionalmente como internacionalmente, contudo até há data nunca li nada deste senhor. Assim, aproveitando esta edição comemorativa do seu primeiro livro, "O Diário de um Mago", resolvi partir à descoberta da escrita que encantou muitos.

Desde o início ficou a dúvida se esta trata-se, ou não, de uma histórica verídica, se de facto Paulo Coelho percorreu o famoso caminho de Santiago de Compostela, acompanhado de um guia?!
Penso que sim, a veracidade do relato leva-me a crer que, de facto, o autor percorreu todos os quilómetros daquele estranho trilho. As razões, contudo que levaram-no a palmilhar uma das rotas religiosas mais antigas do mundo deixaram-me com certas dúvidas...

O livro é carregado de uma atmosfera mística, uma vez que a nossa personagem larga a sua vida quotidiana para procurar pela "sua espada", quando perdeu esta mesma na sua consagração na ordem da Tradição como Mago. Alia-se, então, a Petrus, o seu guia pelo caminho e juntos vão descobrir o caminho "das pessoas comuns" partilhando um sem número de emoções e afectos.

Petrus ensina a Paulo as práticas de RAM, exercícios com o intuito de levar as pessoas a compreender o mundo que os rodeia, descobrir dimensões que escapam aos olhos de outros passam escondidas, reaprender a viver com humildade, sem receios com vista a deixarmos os males da sociedade para trás.

Para mim são estas práticas descritas com pormenores em quase todos os capítulos do livro, aliadas a factos históricos reais que fazem a leitura do livro valer a pena. Conseguem ser originais e atractivas, apesar de algumas impraticáveis (no sentido de não obtermos a resposta desejada) e são elas que permitem a Paulo sobreviver no "Bom Combate" que se advinha na vida dele.

Dito isto, trata-se de um livro bastante esotérico, com algumas situações que achei pouco reais e estranhas para o tipo de livro. Quero dizer com isto, que a acção de algumas personagens pareceu por vezes retrógrada e suponho que para outros até podiam ser ofensivas.
Nada que na minha opinião afecte a leitura e o principal objectivo da história. No fim ficou a sensação que podia ter sido melhor explorado esta ordem da Tradição e que certas conclusões finais não fossem tão banais.

Trata-se de um livro bom, não esquecendo que se trata do primeiro livro que o autor publicou. Um bom começo para uma carreira que deslumbrou o mundo. Fica para ler "O Alquimista" ainda nas prateleiras.

Nota: 7/10 - Bom

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A Sombra do Vento


Autor: Carlos Ruiz Zafón
Título Original: La Sombra del Viento
Editora: Dom Quixote
Páginas: 512
ISBN13: 978-972-20-323-8
Tradutor: J. Teixeira de Aguilar

Sinopse: "A Sombra do Vento" é um mistério literário passado na Barcelona da primeira metade do século XX, desde os últimos esplendores do Modernismo até às trevas do pós-guerra. Um inesquecível relato sobre os segredos do coração e o feitiço dos livros, num crescendo de suspense que se mantém até à última página.
Numa manhã de 1945, um rapaz é conduzido pelo pai a um lugar misterioso, oculto no coração da cidade velha: O Cemitério dos Livros Esquecidos. Aí, Daniel Sempere encontra um livro maldito que muda o rumo da sua vida e o arrasta para um labirinto de intrigas e segredos enterrados na alma obscura de Barcelona. Juntando as técnicas do relato de intriga e suspense, o romance histórico e a comédia de costumes, "A Sombra do Vento" é sobretudo uma trágica história de amor cujo eco se projecta através do tempo.

Não foi a primeira vez que peguei neste livro, no entanto a leitura deste não se desenvolveu por aí além. Contudo, desta vez peguei determinado no livro e se no início tive alguns receios, passadas poucas páginas comecei a ler com gosto as maravilhosas palavras de Carlos Ruiz Záfon.

Foi, assim, que numa segunda tentativa abandonei Portugal e 2010 para me embrenhar em Barcelona e na após guerra civil. Neste ambiente terrífico, perturbador envolvido em medo conhecemos o jovem Daniel Sempere e o seu pai, que juntos trabalham na livraria da família. Com uma escrita espantosa e única conhecemos pelos olhos de Daniel os recantos de Barcelona e passeamos pelas avenidas e ruas que, sem darmos por isso, vão-nos transportar aos poucos para uma história que, à primeira vista, nos parece secundária.

É-nos dado a conhecer o Cemitério dos Livros Esquecidos e nele Daniel encontra "A Sombra do Vento", um livro de Julián Carax. Sem muito mais que possa dizer, o autor envolve-nos nesta mística cidade com personagens muito bem retratadas e que aos poucos conquistam o nosso coração. Uma escrita que encanta, neste primeiro livro do autor dirigido ao público adulto, que permanece muito depois da última folha ter sido virada e este ter sido devolvido às prateleiras.

Recomendo vivamente a sua leitura e aconselho uma pequena pesquisa sobre a guerra civil espanhola e os anos após esta o que irá permitir um melhor entendimento geral do retrato que o autor faz da sociedade desta época. Claro que não são precisos conhecimentos muito específicos ou minuciosos, uma vez que a história desenrola-se por si. Gostei imenso!


Nota: 9/10 - Excelente

domingo, 1 de agosto de 2010

A Demanda do Visionário


Autor: Robin Hobb 
Título Original: Assassin's Quest (2ª Metade) 
Editora: Saída de Emergência 
Páginas: 480 
ISBN13: 978-989-637-238-5 
Tradutor: Jorge Candeias





Alerta: Este trata-se do último volume da Saga do Assassino de Robin Hobb, como tal aconselho quem desconheça os livros, a autora, ou quem deseja conhecer esta e a sua obra não avance na leitura da sinopse e da crítica, uma vez que estas contém spoilers em demasia que tiram aos livros o seu encanto.
O primeiro dos livros denomina-se "Aprendiz de Assassino" e foi publicado pela mesma editora, se não se importarem pesquisem sobre este noutros locais familiares, uma vez que este blog não possui uma crítica dedicada ao mesmo. As minhas sinceras desculpas!

Sinopse: O verdadeiro rei dos Seis Ducados desapareceu numa missão misteriosa em busca dos Antigos para salvar o reino da ameaça dos Navios Vermelhos. O seu irmão usurpador está determinado a impor uma tirania cruel e não abrirá mão do poder, a não ser com a própria morte.
Fitz sabe que a única forma de por fim ao reinado do príncipe usurpador é iniciar uma demanda em direcção ao reino das Montanhas onde irá descobrir a verdade sobre as profecias do Bobo. Mas a sua missão enfrenta um novo perigo com a magia do Talento a precipitar a sua alma para a beira do abismo.
Conseguirá resistir à magia e ainda enfrentar os obstáculos que surgem à sua demanda?

A demanda chega ao fim e FitzCavalaria Visionário acaba a sua narração como escriba,  terminando cinco livros de irmandade.
Conheci esta personagem por volta de Setembro/Outubro do ano passado, que coincidiu também com o meu primeiro contacto com a autora, Robin Hobb, com a sua escrita e uma perspectiva única da fantasia... Sempre que penso que nada me irá fascinar como antigamente nestes mundos de magia e fantasia, aparece para me contrariar um novo autor e uma nova história viciante; aconteceu com George Martin e agora com Robin Hobb.

Contudo Hobb não é Martin, nem Martin é Hobb! Por um lado, a densidade das história d' "As Crónicas de Fogo e Gelo", as suas personagens e conflitos são o fruto de uma narrativa planeada, elaborada e extremamente longa, de facto lembro-me que acabei o último dos volumes das crónicas (O Mar de Ferro) por volta da mesma altura em que iniciei esta série, no entanto esta chegou ao fim e pelo menos seis volumes faltam para finalizar a obra-prima de Martin.

Mas Hobb, tornou-se muito mais para mim, ultrapassando o local de Martin no panteão dos meus escritores favoritos do género. De facto, este mesmo disse: "Toda a fantasia devia ser assim." e eu concordo, uma vez que, sem esperar, Hobb juntou todos os ingredientes que venero no género e me fizeram apaixonar há anos: uma época medieval, magia, dragões e lobos...

Seguimos então as aventuras de Fitz e Olhos-de-Noite logo depois de escaparem das garras de Emaranhado com a ajuda de Esporana e Panela. Fitz continua a sua demanda para encontrar o seu rei, Veracidade reunindo-se pelo caminho a todos os amigos com que havia perdido contacto enquanto viajava pelos Seis Ducados, no volume anterior.  Breu, o Bobo, e Kettricken mais uma vez reunidos e com muitas novas a contar.

Neste volume a atenção é focada nas profecias do bobo, o Profeta Branco e na sua união com Fitz, o Catalisador, cujas acções  conjuntas mudaram o mundo inevitavelmente. As profecias, como se sabe, são muitas e algumas perdidas ao longo das histórias dos profetas brancos, a sua interpretação é um constante desafio e levam as nossas personagens a "matutar" bastante.
Reunidos em Jhaampe, povoado e capital do Reino da Montanha, as ameaças são várias e cada uma mais perigosa que a outra. Majestoso continua a atacar as fronteiras deste reino, enquanto o resto do seu ciclo usa o Talento para invadir as defesas mentais de Fitz e revelar os seus segredos mais íntimos.

Mais uma vez as intrigas do trono Visionário levam a conflitos pessoais de proporções mundiais e torna-se claro o próximo passo, encontrar Veracidade perdido nas terras para lá do Reino da Montanha e trazer este de volta à sua terra e legado, caso contrário medidas difíceis irão ser postas em movimento, as quais Fitz não tolera, prescindindo da sua  própria vida para não as ver tornarem-se reais.
Partem, assim, Fitz, Bobo, Esporana, Panela e Kettricken e inicia-se a Demanda. Como último volume da saga, as revelações são muitas e chocantes, os mistérios do Talento são de novo trazidos para primeiro plano, tendo a Manha sido explorada bastante no livro passado. As intersecções entre esta magia e os Antigos torna-se cada vez mais claro e novos mistérios desta antiga e poderosa raça são revelados das memórias passadas.

Nem tudo é o que parece, nem todos são o que aclamam ser.... Medo e coragem, tristeza e contentamento, fascínio e desilusão tornam-se fios condutores das personagens. Todos os espaços em branco são preenchidos.
Um livro que promete maravilhar os fãs da saga e deixar novas memórias para revisitar em tempos futuros.

Destaco ainda a fantástica escrita da autora, na primeira pessoa, que torna o livro uma delícia. Vi-me, mais que uma vez, a odiar tão fortemente como Fitz, a amar e a perdoar, vivendo estes sentimentos à flor-da-pele com uma intensidade quase real. É impossível não escolher lados, não se trata de uma observação impassível.
Costuma ler muitas vezes que esta escrita primeiro "estranha-se e depois entranha-se," para mim foi logo uma ligação, contudo entendo, trata-se de uma escrita peculiar e original em certos aspectos.

Ao lado de Fitz e Olhos-de-Noite, sinto-me o membro mais novo da  sua alcateia...
Ao chegar às últimas paginas foi uma situação de amor e ódio, sinto ainda o vazio de a história ter acabado, ou será o conforto de tê-la para sempre junto de mim...
Agradeço a Robin Hobb e à Saída de Emergência por esta oportunidade de leitura!

Nota: 8/10 - Muito Bom

Nota: A classificação corresponde a esta 2ª metade, ao conjunto das duas metades (um livro no original) classifico como um 9/10, a mesma que atribuo a esta série na totalidade.
Segundo sei a SdE irá publicar ainda este ano uma nova trilogia da autora no mesmo mundo... Talvez volte aos Seis Ducados e ao Talento e Manha! 

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O segredo do Bosque Velho


Autor: Dino Buzzati
Título Original: Il segreto del bosco vecchio
Editor: Cavalo de Ferro Editores
Páginas: 176
ISBN13: 978-989-62-3012-8
Tradutor: Margarida Periquito





Sinopse: O coronel Sebastiano Procolo herda do seu tio parte do Bosque Velho: lugar mágico, habitado por génios, espíritos e forças ocultas com o poder de se transformarem em animais ou homens. Indiferente a esta natureza idílica o coronel tem planos bastante mais práticos para rentabilizar a sua herança, desencadeando uma guerra que diluirá as fronteiras entre o bem e o mal, contaminando a realidade de elementos fantásticos.

Adaptado ao cinema por Ermanno Olmi, um dos maiores cineastas italianos contemporâneos, num filme de enorme sucesso, «O segredo do Bosque Velho», que recorda a prosa alegórica de Saint-Exupery e do seu «O Principezinho», é o romance de Buzzati onde este escritor melhor evoca a perda da inocência e a brutalidade do real, temas que fazem parte do universo do autor. 

O nome de Dino Buzzati já era meu conhecido desde algum tempo, tendo associado a si vários prémios importantes (Strega, Napoli e Paese Sera) e uma visão do mundo real que o levou a tornar-se um autor incontornável da literatura mundial.
É, assim, com este "O segredo do Bosque Velho" que tenho o meu primeiro contacto com a sua escrita.

O coronel Sebastiano Procolo é um homem alto e magro, com uma força fora do comum e respeitador das regras, apresentando-se sempre com atitudes calculadas de "linhas fortes". Acima de tudo é o herdeiro do famoso Bosque Velho, localizado no Vale do Fondo, habitação dos mais antigos abetos do mundo. Esta pequena, mas graciosa floresta foi deixada pelo seu tio, Antonio Morro, em conjunto com uma outra propriedade mais extensa, sendo esta última deixada ao seu sobrinho Benvenuto Procolo, um rapaz de doze anos, órfão, do qual tornou-se tutor.

Começa desta maneira a nossa aventura, na Primavera de 1925, prolongando-se até ao Inverno de 1926. Em cerca de 170 páginas, divididas por 40 capítulos de pequena dimensão desenvolve-se a trama deste livro, que personifica nada mais do que a perda da inocência, a consciência do mundo violento real e o esquecimento das crenças fantásticas.

A história é povoada por pequenos episódios onde conhecemos as mais variadíssimas personagens: o vento Matteo, o vento Evaristo, o génio Bernardi, a pega guardiã e muitas outras. São estas personagens que esbatem os limites entre o real e o fantástico, pelo que as suas atitudes aos olhos dos adultos não são mais que imperativos biológicos, contudo aos olhos de uma criança são atitudes próprias de personalidades distintas e únicas como qualquer um de nós.

Durante os quase dois anos desta viagem, assistimos a episódios que moldam as nossas personagens, outros que se tornam uma crítica a atitudes do mundo de hoje, estando sempre presente as dificuldades enfrentadas no decorrer da vida, um livro que percorre a idade da inocência e a sua perda até às últimas palavras.

Um livro digno de ser lido em todas as idades, um livro que ensina jovens e adultos, um livro que recomendo!

Nota: 8/10 - Muito Bom